“ ‘Na América nós temos um costume. Quando você dá um presente à alguém de aniversário, você deve abri-lo e dizer obrigado. (…) O ‘Cavaleiro de Bronze’ era da minha mãe’, disse Alexander. ‘Ela me deu algumas semanas antes deles a buscarem.’
Tatiana não sabia o que dizer. ‘Eu amo Pushkin.’ (…)
‘Eu imaginei. Todos os Russos o amam.’ ”
Reza uma antiga lenda que São Petersburgo nunca cairia em mãos inimigas enquanto a estátua do Cavaleiro de Bronze estivesse de pé no centro da cidade. Talvez essa seja a grande explicação para uma cidade que sofreu as mais duras consequências de uma guerra ainda esteja em pé e brilhantemente majestosa como sempre foi.
Acho que já deu pra perceber né? Hoje é o dia dele, da estátua que dá nome a obra mais linda ever! ❤ *insira muitos coraçõezinhos aqui* Mas antes, um pouquinho de história russa!
Dá um look na imponência da criança! *—* Meus olhos se encheram d’água quando dei de cara com ele pela primeira vez, a emoção foi tanta que todas as fotos minhas com a estátua saíram uma m#rd@!
Em Junho de 1762, o até então imperador Russo Pedro III (ou Peter III caso prefiram!) foi obrigado a abdicar depois de uma pressão e revolta com sua guarda pessoal, culminando em uma espécie de golpe de estado; após a prisão o ex-imperador foi transferido para um palácio a mais de 50Kms de São Petersburgo onde foi, supostamente, assassinado sob circunstâncias misteriosas. Uma série de culpados foram mencionados, a fofoca se alastrou pela cidade e adivinhem quem foi a primeira a receber um dedinho acusatório na cara? Siiiiiim, a esposa dele (!!), a até então Princesa Alemã Sophie Friederike e agora Imperatriz Catarina, a Grande (ou Catherine, the Great se vocês forem rebeldes!).
E por que raios voltamos para 1762? Porque quem solicitou a belíssima estátua do Cavaleiro de Bronze foi justamente Catarina! A necessidade de se legitimar como nova provedora do povo russo fez com que a imperatriz acabasse recorrendo ao grande patrono da cidade, o imperador Pedro, o Grande (Peter, the Great). E sua idéia para conexão com o povo seria uma belíssima (e enoooooorme!) estátua de Pedro em seu cavalo esmagando uma cobra (algo como uma alusão a traições e inimigos das reformas realizadas por ele no país) e com sua mão estendida em direção ao Rio Neva. O toque de mestre viria a ser a inscrição na pedra que baseia a estátua: “Catarina II para Pedro I, 1782”, na qual a Imperatriz se colocava como herdeira real e absoluta do reinado de Pedro.
A inscrição gravada à pedido de Catarina: de um lado escrito em cirílico e do outro em latim.
“ ‘Sabe,’ disse Tatiana, “talvez eu preferiria morrer em frente ao Cavaleiro de Bronze com uma pedra em minhas mãos e ter alguém que possa viver a liberdade a qual eu não posso nem ao menos compreender.’ ”
E como uma boa história russa, precisamos de mais drama, sendo assim, em 1833 é lançado o poema ‘O Cavaleiro de Bronze’ de Aleksandr Pushkin, e aqui vai um mini-resumo pra vocês!
“Durante uma inundação em São Petersburgo, Evgenii (também chamado em algumas versões em português de Eugenie) perde sua amada Parasha. Furioso, ele desconta seu ódio na estátua de Pedro, o Grande, culpando-o por ter construído a cidade em um local tão inadequado. Em dado momento, a estátua ganha vida e passa a perseguir Evgenii pela cidade.” – Ficaram curiosos? Hoje no Brasil infelizmente apenas temos a edição em português de Portugal da obra que pode ser comprada aqui!
Foi graças a este poema que a estátua se tornou um símbolo da cidade e passou a ser chamada de ‘O Cavaleiro de Bronze’. Em nosso amado TBH, Tatiana menciona a escrita de Pushkin várias vezes, chegando a fazer alguns paralelos com as obras do autor e a situação vivida por Leningrado durante o período do cerco. Tamanha é a adoração do povo russo (em especial dos moradores de Píter) que para evitar qualquer dano durante os bombardeios à cidade na Segunda Guerra Mundial, foram colocados sacos de areia e uma espécie de abrigo feito de tábuas de madeira que vocês podem ver aqui.
E na imagem abaixo temos alguns detalhes da estátua: a sua localização privilegiada frente ao Neva, o detalhe da serpente sendo pisoteada por Pedro (que reza a lenda representaria os maiores inimigos da cidade e do reinado do imperador) e a plaquinha linda! ❤
“Em frente a Catedral, às margens do Neva, Tatiana viu o contorno da estátua de Pedro, o Grande em seu cavalo – o Cavaleiro de Bronze – uma abatida silhueta coberta com madeira, lonas e areia. O Cavaleiro de Bronze foi construído por Catarina, a Grande como uma homenagem à Pedro, o Grande por ter construído Leningrado. Esta noite, nada podia ser visto do cavalo negro ou seu majestoso cavaleiro ou de sua mão estendida; apenas sacos de areia para proteger a estátua dos Alemães.”
E olha quem apareceu ali no fuuuuuuuuuuuuundo da foto! ❤ St. Isaac’s é muito próxima do Cavaleiro de Bronze!
E a estátua é alta demaaaaaais, pela expectativa que eu tinha, eu a achei magnificamente alta e perfeita – talvez imponente seja a palavra certa! Fora que dela você tem a visão da cúpula da Catedral de St. Isaac’s (quem ae lembra das encoxadas de Shurinha no alto da catedral levanta a mão! \o/ ) além de estar de frente para o Neva, então já dá pra imaginar que localização é um problema que o Cavaleiro de Bronze não possui! Sempre ouvi falar do fascínio dos russos em relação a fotos de casamento, eventos e derivados, mas ver isso ao vivo foi outra história. Fui duas vezes em direção ao Cavaleiro de Bronze e nas duas me deparei com casais fazendo fotos de casamento, meninas que participavam de algum tipo de concurso (se eu entendesse um pouquinho de cirílico talvez teria desvendado que raios estava escrito naquelas faixas bregas!!), além de turistas… muitos turistas (e eram turistas russos! Mas isso fica pra outro post!).
Semana que vem entraremos em um assunto um pouco mais delicado tanto para aqueles curiosos sobre histórias da Segunda Guerra Mundial quanto aqueles que já leram o segundo livro da trilogia, Tatiana & Alexander (obrigada, Novo Século, por transformar uma trilogia em SEXTOLOGIA!): nosso assunto semana que vem é o campo de concentração de Sachsenhausen na Alemanha.
E aproveitem para dar uma fuxicada nos nossos posts anteriores ou seguir pela tag #TBHBRNaRússia
Capítulo # 1 – Nossa Jornada ao Universo de Tatiana & Alexander
Capítulo # 2 – Leningrado x São Petersburgo: as primeiras impressões da terra de Tatiana Metanova
Capítulo # 3 – Nevsky Prospekt & Rio Neva
Capítulo # 4 – Campo de Marte (Field of Mars)
Capítulo # 5 – Jardim de Verão (Summer Garden)
Capítulo # 6 – Catedral de St. Isaac’s
Capítulo # 7 – Noites Brancas
Até mais! 🙂
~Viviane Cordeiro (Vivika)